quarta-feira, 17 de março de 2010

A Completa contradição

O grande fato a ser desvendado nos tempos de hoje é a chamada “vivência da contradição” termo este que trata a contradição como o principal fator que atua diretamente: No cidadão comum, no chamado três poderes que engloba o executivo, o legislativo, o judiciário, e ainda colocaremos aqui o que chamamos de quarto poder, a mídia, que também é atingida pela contradição, mesmo estando esta responsável pela direção da orquestra do sistema por um todo. A contradição atua e alimenta o sistema, engana e deixa ser enganada, esconde e assombra as mentes sãs.
Comecemos pelo judiciário, este responsável por julgar as leis criadas e aprovadas pelo legislativo e sancionadas pelo executivo. Temos uma constituição federal que regra prioritariamente pela igualdade entre os cidadãos, e esta igualdade independe da situação econômica do indivíduo. Tomemos como exemplo mínimo um julgamento comum entre dois cidadãos que cometeram um crime de natureza grave idêntico sob todas as circunstâncias, um desses dispõe de bons advogados e recursos financeiros e ainda ocupa um cargo importante num órgão de segurança pública. O outro julgado será um trabalhador com a função de ajudante de obras e não dispõe de recursos para os custos do processo. De fato eles serão julgados e se for lançado um desafio para saber quem fica mais tempo preso a resposta está na boca do povo, o rico de repente nem preso fica e o pobre apodrece na prisão. Uma grande contradição que acontece diariamente no nosso judiciário, a justiça não é cega? Sabe-se que o Estado também é responsável por uma assistência jurídica ao cidadão que cometeu um crime ou similar. A pergunta é: As tais brechas que funcionam com os advogados particulares, por que não funcionam com o defensor público? É inexplicável. Quando se tratando da responsabilidade de julgar as atitudes dos cidadãos com intuito de cumprir as leis o sistema jurídico com sua dita justiça cega entra em contradição e deve ser revisto.
Falemos da mídia. Uma telenovela nacional exibida diariamente e vendida para diversos países mundo afora retrata um cotidiano na maioria das vezes surreal para um país chamado Brasil, tem-se executivos com carros importados, invisíveis nas ruas dos nossos bairros, brancos e brancas esbanjando felicidade e conquistas financeiras, negros e negras sempre interpretando escravos e empregadas domésticas, e os grandes temas que ditam regras que não nos convém direcionando o foco principal as intrigas causadas pela busca insaciável de dinheiro e poder. Agora eu pergunto: Esta é a nossa realidade? Sente-se como um desses personagens destas telenovelas?
A mídia além de atuar em contradição usa os métodos mais avançados para fazer com que as pessoas sigam sua doutrina, ou a do sistema que ela protege. As novelas e os programas estão em contradição assim como a seleção do noticiário jornalístico, o posicionamento parcial, as campanhas e eleições de políticos favorável a seu interesse e outros métodos de doutrina merecem menção por sua importância. O que esperar da democracia participativa?
A democracia é o sistema em que nos enquadram, porém o que julgam sendo democracia não corresponde com a nossa realidade. Os representantes do legislativo que tem como função criar e aprovar as leis e são eleitos pelo povo, ou seja, moradores de favelas e morros, pela classe média ditas ascendentes, descendentes e cognitivos e só, não há participação da elite e nem de empresas nas eleições(não no montante de votos válidos) e por que o legislativo atua em grande escala no favorecimento a estas elites e empresas e não em favor de quem o elegeu? Que grande contradição. Além do mais, políticos ganham as eleições financiados por estas empresas diversas, e vão legislar para o povo? As empresas defendem uma legislação favorável ao mercado onde atua, e para quem esses políticos legislam? O executivo tendo como sua principal figura o presidente da república, sanciona estas leis que não corresponde aos interesses da maioria. Por que não atua no amparo aos sem educação, saúde, emprego e bem estar social que são pilares constitucionais? Por que fazem lobby com empresas interessadas única e exclusivamente em lucrar passando por cima de tudo (inclusive das leis)?
A corrida eleitoral é o grande trunfo da democracia aclamando no decorrer do acontecimento ânimos políticos e sociais associando o voto como sendo o recurso legal máximo para a mudança no sentido de cada voto de cada cidadão representar um direcionamento político para determinado rumo, ou seja, em síntese o cidadão está elegendo um representante para levar adiante a discussão de uma idéia para conseqüentemente esta idéia tornar-se lei, uma lei que englobe as necessidades da comunidade por um todo, o que não corresponde com a realidade, os interesses defendidos são a favor do capital colocando-se o social em segundo plano.
O que ocorre de fato nas eleições é que o cidadão além de ser bombardeado por propagandas milionárias e falsos discursos elegem muita das vezes um candidato que lhe foi imposto pelo capital, imposto pelas suas campanhas corruptas e milionárias, por falta de opções e por mentiras cuspidas durante discursos nefastos. Estes mesmos candidatos entram nas favelas, vilas e passeiam nas ruas para pedirem ou comprarem votos dos cidadãos, usam o seu mandato para o favorecimento próprio ou de empresas que financiaram as suas campanhas contradizendo o seu discurso em prol do social e estrangulando a idéia de democracia participativa.
Por mais que tente resistir a este circo somos todos empurrados neste ciclo viciado e desonroso, nesta doença crônica que atinge esse sistema porco de competição, somos tentados a abdicar de princípios ou posicionamentos próprios em prol de uma globalização desumana e impregnante, somos postos a venda pelo preço que não aceitamos, somos obrigados a aceitar, temos que consumir desenfreadamente, temos que vestir o que não concordamos, sem perceber, estamos dentro de um buraco negro, cheio de gente em nossas costas, vomitando ideologias de uma minoria da qual não pertencem, somos enxugados e nos perdemos na escuridão sem fim. Por isso e muitos outros sou obrigado a discordar disso tudo, obrigado a gritar bem alto para todos que eu não quero entrar neste circo, neste carnaval de absurdos, nessa lama sem procedentes. Permaneço imóvel, observo sim, e concluo. Observo e concluo.

Guilherme Zani

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